Arquivos do autor:Camila Lourenço
Conversas de quinta-feira
voar de balão na capadóciachampanhe geladoum brinde ao sol que nascebraços arrepiadosque me seguram a cinturaas mãos minhasque se agarram à borda finada caixa que é a beirado mundoo céu que acabaem borracha coloridae rochas fantásticaspiscopiscopisconão é um sonhoe porque quero acordarolho para baixoe penso em me jogarnos vulcões da turquia
O peso do vento
Rosana era alguém de poucas manias. Se agradava em acordar às seis e coar com calma o café no filtro de pano, deixando a água quente cair conforme ia girando a caneca com o pulso. Depois se sentava à mesa do apartamento de dois cômodos e meio. Meio porque um corredor não é uma cozinha,Continuar lendo “O peso do vento”
A ansiedade é da cor da privada
Azul feito a pílula que tomo todas as manhãs.É essa a cor do céu que vejo pelos vidros sujos ao fim do corredor. Fico na ponta dos pés para conseguir enxergar, por sobre armários e colunas, o que me cabe do lado de fora. Tento imaginar o sol das três queimando minha nuca. O calorContinuar lendo “A ansiedade é da cor da privada”
Gancho de esquerda
Teu coração adoidadoquer bater fora do peito,correr desenfreado,comer três futurosIncansávelCom um suspirofrágilfrágilfrágilTu pega esse desembestado pelas mãose diz– Te aquieta, seu escrotoTu sabe que por hora,e só por hora,ele te acataTu sabe que amanhã,talvez ainda hoje,esse aloprado te escapa,te faz refém,te mata.
Sobre sonhos que chegam em kombis brancas
As tardes eram tão tediosas. Só se ouvia o barulho do sol ardido e de alguns pássaros corajosos a cantar naquela quentura. Até que a kombi branca virasse na esquina. Era o padeiro. Ele vinha bem devagar, dando oportunidade para todas as avós e avôs da rua fazerem seu pedido. Pão francês fresquinho, era oContinuar lendo “Sobre sonhos que chegam em kombis brancas”